Constituição Interna pela Aliança e Lei - O Maná
Israel queria voltar à escravidão em troca de cebolas. Sua fome é o medo da liberdade. Mas o mar já se fechou às costas de Israel. Deus, acaso, vai abri-lo novamente para satisfazer a covardia de Israel?
Deus guia o povo pelo deserto, mas o deserto é lugar de provação[1]. Uma delas é a falta de alimentos. Então Israel sentiu saudades das cebolas do Egito e reclamou contra Deus: “Por que nos trouxestes a este deserto? Para matar de fome toda esta gente? (Ex 16,2-3). Queria voltar à escravidão em troca de cebolas. Sua fome não é outra coisa senão o medo da liberdade, pois a liberdade é exigente.
Mas o mar já se fechou às costas de Israel. Deus acaso vai abri-lo novamente para satisfazer a covardia de Israel? Não! Deus faz algo extraordinariamente melhor: dá-lhe o pão do céu: “Quando o orvalho evaporou, apareceram na superfície do deserto pequenos flocos, como cristais de gelo sobre a terra. Ao verem isso os israelitas perguntavam uns aos outros: ‘Man hu?’’[2], pois não sabiam o que era. Moisés disse: ‘Isto é o pão que o Senhor vos dá para comer. Recolhei a quantia que cada um de vós necessita para comer...” (Ex 16,14-16) . Cada dia, Deus dava o necessário, pois queria que a segurança de Israel se fundamentasse na fidelidade cotidiana e não nos celeiros cheios de reservas. Não se deve guardar para o dia seguinte. O pão é para hoje. Amanhã Deus fará outro milagre. Somente no sexto dia se deve colher porção dupla, pois no sétimo dia o milagre seria suspendido. Deus usa essa pedagogia para que Israel entenda o extraordinário no ordinário de sua vida: “No sétimo dia alguns saíram para recolhê-lo, mas nada encontraram” (Ex 16,27). O sábado é o dia abençoado pelo Senhor, dia a ele consagrado e ninguém deve desobedecer a este preceito.
[1] O comentário ao Antigo Testamento da Editora Ave Maria, Tomo I, diz à página 149: “Para indicar as etapas de Israel pelo deserto (cf. Ex 16,1; 17,1; 19,2; Nm 33), o livro de Êxodo usa o verbo ‘partir’ (cf. Ex 15,22-27) que significa ‘arrancar os cravos que seguram as cordas da tenda’ (cf. Nm 33,2-3). Os israelitas revivem a vida patriarcal, de acampamento a acampamento, até chegar ao repouso, a pátria (Js 21,43-44; At 4,1-11)”.
[2] “O que é isto?”