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Estudo Bíblico

Constituição Política: A Monarquia - Saul, Davi e Salomão

Constituição Política: A Monarquia - Saul, Davi e Salomão
Dimar Luiz
Por: Dimar Luiz
Dia 05 de julho de 2020

Deus era o centro da vida das doze tribos e eles lhe viraram as costas para seguir a um rei humano que os defendesse. Então Deus permitiu a monarquia. Os três primeiros reis mantiveram as doze tribos unidas.

Com as invasões constantes dos povos vizinhos alguns começaram a pensar que seria preciso uma nova estrutura social que respondesse com eficácia as circunstâncias atuais. Surgiram duas posturas: a pró e a contra monarquia. O grande desejo era defender a terra das invasões dos povos visinhos. A terra (o dom) se tornou mais importante que Deus (o doador). Deus era o centro da vida das doze tribos e eles lhe viraram as costas para seguir a um rei humano que os defendesse. Então Deus permitiu a monarquia.

Os três primeiros reis mantiveram as doze tribos unidas, mas depois da morte de Salomão o reino se dividiu entre reino do norte e do sul. Vejamos a personalidade dos três primeiros reis do povo de Deus:

Saul

Deus o escolheu e o transformou pelo seu Espírito (1Sm 10,6-12). Mas Saul não foi dócil ao Espírito que o conduzia e desobedeceu à ordem de Deus (1Sm 15). Embora isso fosse desagradar ao Senhor ele preferiu agradar aos seus. Não se decidiu exclusivamente por Deus que o havia escolhido e ungido e preferiu ouvir a voz do povo que o aclamava. A autoridade emana de duas fontes: divina e humana, mas se elas se opõem entre si, “é preciso obedecer antes a Deus que aos homens” (At 5,29). Saul não agiu assim e se afastou de Deus.

O que Deus queria era a obediência e não o sacrifício. O gesto do rei era bonito, mas o plano de Deus era incomparavelmente melhor, apesar de ser discreto e humilde. Saul não acreditou que os caminhos de Deus fossem melhor que os seus.

Outro aspecto de sombra da vida de Saul é a inveja. Saul tinha ciúme dos dons que Deus tinha dado a seu servo Davi, por isso queria matá-lo. A inveja não afeta, primeiramente, aquele que possui o carisma, mas é uma reclamação contra aquele que concedeu o dom. É pedir contas a Deus por ter distribuído seus dons como ele quis. Inveja é ficar triste porque Deus foi bom com os outros. Ela torna a pessoa administrador avaro dos dons divinos.

Saul falhou à sua vocação: eleito por Deus, mas confiou em si mesmo mais que em Deus, por isso o Espírito o abandonou para pousar sobre outro.

Davi

Nascido em Belém, era pastor, músico e poeta (1Sm 16,4-23). Homem segundo o coração de Deus. Amigo fiel de Jonatas, filho de Saul (1Sm 19,1-6; 2Sm 1,26). Venceu o gigante Golias, não com a armadura de Saul, mas com o nome do Senhor Deus dos Exércitos (1Sm 17). Sob Davi se consolida o reino, unindo Israel em torno de Jerusalém, depois de conquistá-la (2Sm 5,1-25).

Davi venceu todos os inimigos, mas perdeu a batalha contra si mesmo: caiu perante os encantos de Betsabéia, mulher de Urias (2Sm 11). Davi mandou o general Urias para uma guerra para que ele morresse à frente da batalha. Assim acolheu a viúva em seu palácio e foi aplaudido pelo povo como rei bondoso que acolhe as viúvas. Vale notar que Davi pecou quando deixou de lutar e se acomodou sobre o terraço do palácio (2Sm 11,2-5).

Seu pecado teria passado despercebido se Natan não o tivesse denunciado através da parábola da ovelha do homem pobre (2Sm 12,1-15). Ele entendeu, reconheceu seu pecado e pediu a Deus perdão, compondo o salmo 51, em sinal do seu arrependimento. Deus perdoou seu pecado oculto (Sl 19,13).

Davi queria construir um templo para o Senhor Deus, mas o Senhor Deus é que lhe prometeu a edificação de uma casa (dinastia) que durará para sempre. Do sangue real de Davi vai nascer o rei que reinará em nome de Deus. O mesmo Natan que denunciou seu pecado agora lhe anuncia que um filho seu irá sentar-se eternamente no trono de Israel (2Sm 7,12-16). Com esta profecia nasce o messianismo, chave da história da Salvação. No entanto, esta profecia não se limita ao seu sucessor imediato, vai além dos tempos. No tempo previsto por Deus nascerá do tronco de Jessé um rei que garantirá a dinastia davídica. O misterioso descente da mulher será filho de Davi, da sua descendência.

Salomão

É o filho de Davi com Betsabéia, viúva de Urias, eleito por Deus para suceder seu pai no trono de Israel. A Bíblia chama Salomão com um dos mais belos títulos: o amado do Senhor (2Sm 12,24-25). Salomão e sua vocação são os sinais de que o perdão de Deus é incondicional e supera todas as fraquezas humanas. Com Salomão o reino atingiu o máximo apogeu comercial, cultural, político e bélico.

Salomão possui duas características que revelam a fundo o paradoxo do coração humano: sabedoria e estupidez.

a) Sábio: famoso por sua sabedoria que ultrapassou todas as fronteiras. Desde jovem os sábios e ricos vieram escutar seus provérbios (1Rs 3,16-28). Salomão construiu o maravilhoso templo do Senhor, no qual colocou a Arca da Aliança (1Rs 6-9). A presença de Deus repousa sobre o templo que se tornou figura do novo templo de Deus: o Corpo de Cristo e Santuário do Espírito Santo, o nosso corpo (Ap 21,22; 1Cor 6,19).

Deus oferece a Salomão qualquer coisa que ele quiser. Salomão pediu

“um coração que sabe ouvir” (1Rs 3,9).

Com este coração atento e entregue ao Senhor, ele pode governar o povo que Deus lhe confiou.

b) Estúpido: Salomão não manteve indivisível o seu coração (1Rs 11,4-13) e por isso gestou em seu reinado a divisão do reino. Salomão semeou ventos, seus filhos colheram tempestades. Sua estupidez foi não prever as conseqüências de suas ações, perdendo a dimensão do todo, da transcendência. Deus não o repreendeu pelas 700 mulheres e 300 concubinas e sim porque construiu altares aos ídolos, deuses das mulheres estrangeiras, em vez de ser fiel a Deus. Tratou de agradar mais às suas concubinas do que a Deus.

Salomão é recordado na história por duas razões especiais: pela construção do templo e porque em suas mãos (administração) se gestou a divisão do reino.

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