Constituição Política: Os Juízes
Mudam os nomes dos heróis e invasores, passam os anos, mas é sempre a mesma história: o pecado da humanidade contra o perdão de Deus. Quem se cansará primeiro: o homem de pecar ou Deus de amar e perdoar?
Após a morte de Josué, o povo caiu na idolatria:
“Os israelitas ofenderam o Senhor e serviram aos ídolos de Baal. Abandonaram o Senhor, Deus de seus pais, que os havia tirado do Egito, e seguiram a outros deuses, os deuses dos povos que os rodeavam...” (Jz 2,11-12).
Ao virar as costas para Deus, os inimigos invadiram a terra e começaram a saquear: “Por isso acendeu-se contra Israel a ira do Senhor, que os entregou às mãos dos salteadores, que os saqueavam... a aflição deles era extrema” (Jz 2,14.15b). Então o Senhor Deus suscitou juízes para livrá-los das mãos dos inimigos: “Então o Senhor Deus suscitou os juízes que os livrassem das mãos dos opressores” (Jz 2,16).
Cada tribo era autônoma na economia, na política e no exército, sem um governo único, o que os tornava vulneráveis diante dos inimigos. Os juízes eram suscitados para libertar as tribos da opressão dos inimigos no momento de necessidade.
O livro dos juízes repete, constantemente, os mesmos feitos:
1. Israel faz o mal aos olhos do Senhor (Jz 3,7.12);
2. Deus lhe envia um castigo (Jz 2,14;3,8);
3. Deus se lembra de sua promessa (Jz 2,18;10,16);
4. O povo se arrepende de seus pecados e clama a Deus (Jz 3,9.15;4,3);
5. Deus perdoa o povo e o liberta pelas mãos do juiz (Jz 2,16; 4,23-24).
Acabada a narração, começa outra vez a mesma história de amor entre Deus e seu povo. O povo sempre se afastando de Deus e Deus sempre chamando e atraindo de volta para si, perdoando e libertando, manifestando o seu amor e a sua predileção. Mudam os nomes dos heróis e invasores, passam os anos, mas é sempre a mesma história: o pecado da humanidade contra o perdão de Deus. Quem se cansará primeiro: o homem de pecar ou Deus de amar e perdoar?
Vejamos a personalidade de alguns juízes que resumem os demais:
a) Sansão (Jz 13-16): homem mais forte do mundo, mas com grandes fraquezas: 1º não soube guardar o seu segredo e abriu seu coração para o inimigo – Dalila (16,17); 2º se desviou do caminho e se contaminou com o cadáver do leão que já tinha vencido (14,8-9); 3º sua própria força o matou quando derrubou as colunas do templo de Dagon (16,30-31).
b) Débora (Jz 4-5): mulher profetiza. Planejou a estratégia que venceu o inimigo, mas não atribuiu a si a vitória. Entoou um hino de louvor ao Senhor pela vitória alcançada.
c) Samuel (1Sm 1-25): último dos juízes. Ponte que une duas etapas importantes: a dos juízes e a monarquia. É o homem que aceita a mudança, ainda que isto lhe custe a privação de privilégios. Não queria a monarquia, mas aceitou a mudança, renunciando aos seus interesses. Após ungir Saul como rei, Samuel sai de cena.